Pessoas
amadas e queridas, entes que se foram. Muitas vezes da forma mais lastimável e
inconseqüente.
Perder um ente querido é como perder um
membro do próprio corpo, a dor imensa percorre sem a mínima piedade e acaba nos
levando a um profundo e temeroso abismo do martírio da separação da carne.
Em diversos momentos na caminha da vida
não valorizamos as pessoas que ao nosso lado se encontram, principalmente
familiares que são pedaços verdadeiros e gigantescos de nossas vidas. É por
essa razão que ao perdermos um ente, somos tomados em diversas ocasiões por uma
chuva de remorso e arrependimento, a dor então é aumentada a cada instante, ao
olharmos deitado no caixão florido um pedaço de nós não valorizado, aí então o
que nos resta é a abundância das lágrimas e os lamentos de um coração baleado
que ainda sobrevive em nosso ser.
Aquelas tardes de domingo que se foram
e agora nada mais fazem do que atingirem com furor nossa lágrimas, são
realmente um castigo a ponto de nos fazer gritar por dentro lamentando o não
aproveitamento de tais tardes.
Evitar palavras agressivas e atitudes
constrangedoras aos entes queridos ou não, prepara nossas almas com isenção de
remorsos futuros no dia da partida lastimável. Filhos que maltratam seus pais
de maneira impensável ou vice-versa, mal sabem o tamanho do sentimento incômodo
e feroz que terão que carregar se acaso forem veladores dos corpos de seus
entes.
A dor da perda e a separação carnal são
amenizadas se o mínimo devermos para aquela pessoa querida, se durante a vida
da mesma amigavelmente a ajudamos, a respeitamos e apreciamos sua presença em
nosso meio. Agora do contrário, o que nos resta é mergulharmos de ponta cabeça
no mar do temido remorso.
A vida é curta e os momentos excelentes
são mais curtos ainda, pessoas agradáveis e queridas se vão em frações de
segundo, portanto nada mais inteligente do que valorizamos nosso entes como se
fossem os maiores bens que possuímos. Brigas, discussões, constrangimentos e
desacertos entre família, devem ser exterminados do convívio fraterno. Nossos
lares devem então possuírem a forma do paraíso, a porta da paz e o âmbito da
alegria.
As vezes uma palavra que falamos a um
ente é o suficiente para magoá-lo de tal forma, que essa mágoa é
imperdoavelmente levada para sepultura, onde jaz nosso ente então se despedirá
de nós sem proporcionar a oportunidade de uma despedida mais cômoda e menos
dolorosa.
Ultimamente, tais palavras que escrevo podem
até mesmo serem consideradas utopia, já que a febre do momento são conflitos
familiares, seguidos de mortes, tragédias, desastres internos nos lares. Mães
assassinadas, filhos exonerados e executados de formas inexplicáveis pelos
próprios pais, trazem à tona uma grandiosa e triste realidade, não existem mais
entes queridos e sim entes inimigos.
A morte é uma conseqüência da vida
teoricamente inesperada e imperdoável, principalmente quando se trata de nossos
entes. Nada mais agradável, inteligente e cômodo do que preparamos esses dias
futuros e inevitáveis, com dias atuais de amor, respeito, proximidade,
fraternidade e carinho transformando nossos lares em locais isentos do problema
“remorso após morte”.
Cada abraço em nossos entes, cada
sorriso, cada partícula de amor que lhes entregamos, prepara nossas almas e
consciências para o amanhã temido da partida não retornável da pessoa querida.
Portanto, o presente com eles devem ser momentos de valor e não de rancor, de
alegria e não de tristeza, pois assim no dia em que no caixão estiverem em meio
à flores coloridas e a dor da saudade, nada nos incomodará alem do sentimento
natural da falta sentida de um ente que se foi.
Douglas S. Nogueira
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