As Fases e as Transições

Nossas vidas são feitas de fases e transições. Enquanto fetos somos humildes, subordinados aos desejos e gostos da mãe que nos gera, sentimos vontades, porém é ela que nos supri. As minúsculas sensações que sentimos são de acordo com as que ela sente, nada mais que isso.
         Próximo de nossa vinda ao mundo, iniciamos então a criação de uma arrogância que permanecerá por todo o trajeto que tivermos na Terra, já sentimos então que somos capazes de sobreviver em meio ao mundo cruel que nos espera e portanto a insistência em sair daquele ventre torna-se incessante, chutamos, brigamos, judiamos de nossa mãe que por sua vez corre ao hospital mais próximo para satisfazer nosso desejo de enfrentar a vida cruel.
         Nascemos, passamos então a fazermos parte do time dos insensatos, orgulhosos, daqueles que se acham. Gritando nas mãos do médico, esbravejamos nosso desejo de aparecer e não dependermos mais de ninguém.
         Passado algum tempo como bebês e nenês, nos tornamos crianças, que são respeitadas até pelos mais rudes e sem coração. Vivemos ali abaixo da tutela de nossos pais e parentes, mas não gostamos muito dessa idéia de inferioridade, porém temos que conviver com ela por um longo período, no mínimo até a pré-adolescência fase essa que começa a nos entregar pensamentos avançados.
         É chegada a adolescência, a arrogância toma de vez conta de nossas vidas, os conselhos dos pais passam a serem inúteis e os nossos desejos interiores são mais fortes que tudo, entretanto confusos e “semi-loucos” ficamos, não sabemos realmente para onde devemos seguir dali em diante, besteiras ocorrem, e vivemos dessa forma até o início da fase de transição para a vida adulta, período esse que queremos de uma vez por todas a independência, nos tornando motoristas, tendo um dinheirinho próprio, namorando, enfim, livrando nossas vidas definitivamente da tutela dos pais que nos fizeram.
         Na mocidade ou juventude, iniciamos um trajeto de amadurecimento. Nossa arrogância diminui, os conselhos dos pais, parentes e outros mais vividos tornam-se indispensáveis para seguirmos, e o mais interessante é que já não nos arriscamos tanto como nas fases anteriores, pensamos mais para agir.
         A vida adulta entra em nosso caminho, chega o momento de casarmos, nos formar em um curso de vital importância para darmos exemplos de grandeza aos filhos que virão, além do que mesmo com uma arrogância menos intensa, não suportamos mais que principalmente nossos pais se intrometam nos caminhos que pretendemos dali em diante trilhar.
         Formados, casados e trabalhando para o desenvolvimento e sustento familiar, iniciamos planos para o bem-estar de nossos filhos focando alguns anos a frente. Os filhos crescem, se desenvolvem e começam a agir mesmo que tentamos intervir da idêntica maneira que agimos no passado com nossos pais, a ingratidão deles para conosco é grande.
         Chegamos à velhice, aposentados, filhos criados, casados também. Nessa fase refletimos sobre tudo aquilo que erramos, as oportunidades que desperdiçamos e os bens que conquistamos. Nossos pais infelizmente já mortos, são lembrados como heróis e uma dor profunda por não ouvi-los um pouco mais nos aflige.
         Morremos, o que fizemos de bom poucos se lembrarão, mas nossas falhas, arrogância aflorada essas serão detalhes inesquecíveis para muitos. Nossos filhos chorarão, mas como seres humanos agirão praticamente da mesma forma que nós, pois a vida é um ciclo estruturado de fases e transições, nascemos, vivemos e morremos.



Douglas S. Nogueira

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